Chefe da diplomacia do Japão sai por receber donativo ilegal

07-03-2011 07:01

 A saída abrupta de Seiji Maehara, por uma infracção aparentemente menor, dá conta da fragilidade política do Governo do Partido Democrático                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           Em mais um golpe para o enfraquecido Governo do Japão, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Seiji Maehara, anunciou que vai abandonar o executivo por a sua posição se ter tornado politicamente insustentável após a revelação de um escândalo de financiamento eleitoral.


A polémica rebentou há uma semana, durante uma sessão do comité orçamental do Parlamento japonês, quando o ministro, no cargo há seis meses, foi acusado de ter recebido um donativo proveniente do estrangeiro - algo que a legislação proíbe.

Maehara começou por negar a acusação, mas depois o seu gabinete admitiu ter recebido, em 2008, uma contribuição de 50 mil ienes (cerca de 430 euros) de uma apoiante de longa data, a dona de um restaurante de Quioto que tem nacionalidade sul-coreana.

"Nos últimos dias reflecti cuidadosamente sobre esta situação de financiamento político [em que estou envolvido] e decidi apresentar a minha demissão do Ministério dos Negócios Estrangeiros", anunciou Seiji Maehara em conferência de imprensa. "Peço desculpa à população por deixar o cargo ao fim de seis meses e por ter alimentado a desconfiança [no Governo] por causa de um problema envolvendo dinheiro e política", disse. 

"Sempre defendi que a política deve ser impoluta, o que torna o meu erro verdadeiramente lamentável", reconheceu.

Seiji Maehara, de 48 anos, era uma estrela em ascensão dentro do Partido Democrático, que há dois anos conseguiu quebrar o domínio histórico dos Liberais Democratas mas tem lutado para manter o poder, acossado por vários escândalos políticos e financeiros.

A saída abrupta do ministro dos Negócios Estrangeiros, por uma infracção aparentemente menor - o anterior primeiro-ministro Yukio Hatoyama foi forçado a sair por causa de uma polémica de financiamento eleitoral -, dá conta da fragilidade política do Governo e representa mais uma dor de cabeça para o actual líder do executivo, Naoto Kan, que se debate com uma taxa de aprovação de apenas 20 por cento.

O Governo corre o risco de cair, se Kan não conseguir fazer aprovar a sua proposta de Orçamento para o novo ano fiscal, que principia a 1 de Abril. 

Os Liberais Democratas, que controlam a câmara alta do Parlamento, prometeram chumbar qualquer proposta que inclua a emissão de mais dívida para suportar o enorme défice governamental - o que na prática impedirá a governação e obrigará à convocação de novas eleições.